vegetable oil, Dipteryx odorata seeds

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O cumaru, conhecido internacionalmente como fava tonka, possui um perfil aromático marcante, construído quase inteiramente sobre a presença da cumarina, que pode representar de 25% a 90% dos compostos aromáticos presentes na semente seca. A cumarina é responsável por seu aroma adocicado, quente, profundamente amendoado, com nuances que remetem à baunilha, ao tabaco doce, ao mel e ao feno recém-cortado. Esse perfume é macio, envolvente e possui grande capacidade de fixação.

Além da cumarina, o cumaru contém cuminaldeído e ácido cinâmico em pequenas proporções, que acrescentam um leve tom especiado e resinoso ao dulçor dominante. Essas nuances discretas conferem ao cumaru um caráter levemente balsâmico e uma complexidade que impede o aroma de se tornar excessivamente linear ou enjoativo.

Outro composto relevante é o vanilina natural, que reforça o aspecto gourmand e conecta o cumaru olfativamente com a baunilha, criando uma ponte entre aromas doces e amadeirados, ao mesmo tempo que suaviza qualquer traço excessivamente seco da cumarina pura.

Pequenas quantidades de ácido benzóico e álcool benzílico também podem estar presentes, contribuindo com uma nuance resinosa e um frescor muito sutil que equilibra a doçura e adiciona uma leveza quase imperceptível ao fundo.

O resultado é um aroma que se desdobra inicialmente com uma abertura suavemente amendoada e levemente fresca, evoluindo para um coração quente, doce e balsâmico, com traços de tabaco doce e um fundo aveludado, cremoso e ambarado, que permanece de forma confortável e persistente na pele.

O cumaru transmite uma sensação de aconchego, profundidade e sofisticação natural, sendo muito valorizado em composições orientais, gourmand e amadeiradas suaves. Sua presença cria perfumes com caráter doce, mas elegante, longe do açúcar sintético e mais próximos das doçuras naturais da floresta.

Descritivo Técnico da Árvore – Dipteryx odorata (Cumaru)

Nome Científico: Dipteryx odorata
Família Botânica: Fabaceae (subfamília Faboideae)
Nomes Populares: Cumaru, fava tonka, tonka bean, cumaru-ferro, amburana-brava.

Distribuição:
Espécie nativa da Amazônia e de florestas tropicais da América do Sul, com ampla ocorrência no Brasil (Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão) e presença também na Venezuela, Guianas, Peru e Colômbia.

Características Morfológicas

• Porte:
  Árvore de grande porte, podendo atingir entre 20 a 30 metros de altura, com tronco grosso, ereto e bem formado. Em ambientes de floresta densa, pode alcançar alturas superiores a 40 metros, sendo considerada uma árvore emergente.

• Tronco e Casca:
  O tronco é robusto, com casca acinzentada e levemente fissurada. Sua madeira é extremamente dura e resistente, conhecida como “cumaru-ferro”, muito valorizada na construção civil e naval devido à alta densidade e durabilidade natural. A casca exala um aroma amadeirado suave quando cortada, mas a resina aromática não é o foco comercial da planta.

• Folhas:
  As folhas são compostas, alternas, paripenadas, com folíolos ovalados, de bordas inteiras e coloração verde-escura na face superior. Os folíolos são firmes, com nervura central bem marcada e, quando esmagados, liberam um leve aroma verde.

• Flores:
  Pequenas, de coloração rosada ou lilás, dispostas em inflorescências curtas e discretas. A floração atrai insetos polinizadores e geralmente ocorre no início da estação chuvosa.

• Frutos:
  O fruto é uma drupa grande, lenhosa, de formato ovalado e casca rígida. No interior da drupa encontra-se a semente altamente aromática, conhecida como fava de cumaru, que é a parte de interesse econômico. As sementes são alongadas, escuras e ricas em cumarina.

Aspectos Ecológicos e Agronômicos

• Habitat:
  O cumaru se desenvolve bem em florestas tropicais úmidas e de terra firme, com solos profundos e boa drenagem. É uma árvore adaptada a solos pobres, mas responde bem ao crescimento em áreas de florestas maduras. O cumaru pode também tolerar períodos de estiagem.

• Ciclo de Vida:
  É uma espécie de crescimento lento e de longa vida. A frutificação ocorre normalmente após os 8 a 10 anos de idade, e a maturação dos frutos pode levar até 12 meses após a floração.

• Cultivo e Coleta:
  A produção de sementes ocorre em ciclos sazonais, com colheita manual após a queda dos frutos maduros no solo. A semente é então retirada da casca lenhosa e submetida a um processo natural de cura e secagem, onde a cumarina cristaliza na superfície da fava, intensificando o aroma característico.

• Madeira:
  Além do uso aromático, o cumaru é uma das madeiras mais resistentes e densas do Brasil, muito valorizada para pisos, decks, construções navais e estruturas externas, sendo um dos materiais preferidos para aplicações de alta resistência ao desgaste e intempéries.

Considerações Culturais e Econômicas

O cumaru possui grande importância econômica e cultural. Sua semente, além de ser muito utilizada na perfumaria e na indústria alimentícia (com restrições regulatórias em alguns países devido à cumarina), é tradicionalmente usada em comunidades amazônicas para fins medicinais e aromáticos.

O cumaru é considerado um símbolo de acolhimento, doçura natural e conexão com a floresta. Seu perfume, quente e amendoado, tem longa tradição no preparo de óleos, incensos, defumações e perfumes naturais, sendo amplamente respeitado nas práticas tradicionais.

Aplique pequenas quantidades do oleoperfume sobre a pele limpa, em regiões como pulsos, pescoço ou colo. Por ser um perfume natural em óleo, a fragrância evolui com suavidade ao longo das horas, acompanhando o calor do corpo.

Reaplique conforme o seu sentir. O olfato pode silenciar o aroma para você antes que ele desapareça para o mundo — confie no seu corpo para saber quando desejar mais.