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O Verdadeiro Valor do Artesanal em um Mundo de Tarifas e Tensões

Atualizado: 23 de abr.

A cada novo capítulo das disputas comerciais entre potências globais, um padrão se repete: tarifas sobem, mercados oscilam, preços disparam. A ameaça recente dos EUA de taxar o champagne francês em 200% é só mais um episódio nessa longa novela, e enquanto alguns veem nisso apenas um embate entre governos, há um detalhe que muitas vezes passa despercebido: no centro dessas tensões estão as nossas escolhas de consumo. O que acontece quando um produto importado se torna inacessível? E mais importante, o que acontece quando percebemos que talvez nem precisássemos dele para começar?





o pequeno produtor em foco
o pequeno produtor em foco



O consumo local e o fazer artesanal não são apenas alternativas diante das instabilidades do mercado global — eles são caminhos viáveis e vantajosos por si próprios. Quando compramos de um pequeno produtor, o dinheiro circula dentro da nossa comunidade, fortalecendo a economia regional e gerando empregos. Pequenos negócios costumam reinvestir na própria cidade, o que faz com que cada escolha de compra tenha um impacto real, visível. Não é só sobre trocar um rótulo famoso por outro; é sobre entender que há um valor imenso em construir uma economia menos dependente de grandes corporações e suas regras voláteis.


E há também a qualidade. No fazer artesanal, não há atalhos. O tempo, o cuidado e a escolha criteriosa de materiais resultam em produtos que preservam suas características mais puras. Um perfume feito manualmente mantém nuances e profundidade que fórmulas industriais dificilmente replicam. Um banho de ervas preparado com atenção respeita os ciclos naturais e a potência de cada planta. Esses processos são mais do que produção: são saberes preservados, transmitidos por gerações, que resistem ao apagamento da padronização industrial.


Muitas vezes, consumir local também significa consumir de forma mais sustentável. Reduzimos as emissões de transporte, diminuímos o desperdício e temos mais controle sobre a procedência do que usamos. Claro, a sustentabilidade não é uma garantia automática — um produto artesanal pode ser ambientalmente problemático se não houver um cuidado com sua cadeia de produção. Mas quando há essa consciência, o impacto positivo é real e significativo.


Os últimos anos nos mostraram o quanto cadeias de suprimentos globais podem ser frágeis. Durante a pandemia, vimos prateleiras esvaziando, preços subindo e produtos sumindo porque dependiam de redes internacionais complexas. Enquanto isso, quem tinha acesso a mercados locais conseguiu lidar melhor com as incertezas. Criar e apoiar uma economia baseada no artesanal e no consumo local não é apenas uma questão de escolha estética ou ideológica — é uma forma de construir resiliência.


No fim das contas, o que as tarifas vão tornar inacessível desta vez? Champagne francês? Talvez. Mas isso importa menos do que o fato de que podemos brindar com aquilo que fazemos com as nossas próprias mãos.

 
 
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